Este texto visa apresentar aspectos da pesquisa de campo realizada para o desenvolvimento da tese Sexo e Poder no Cotidiano das Ruas: um estudo sobre a prostituição feminina em Ribeirão Preto/SP (Fabiano, 2018), com vistas a refletir sobre a realidade das mulheres que atuam na prostituição de rua em uma cidade do interior paulista, a qual se apresenta como uma referência econômica nacional e, por outro lado, possui desigualdades socioeconômicas e territoriais visíveis. A pesquisa empírica identificou que a maioria das mulheres atuantes nessa modalidade da atividade pertencem a classe trabalhadora e grupos pobres, portanto, já estavam sujeitas a marginalização social e jurídica antes de seu ingresso na prostituição. As vulnerabilidades sociais dos territórios onde a prostituição feminina se realiza também se mostraram como influenciadores das formas de organização do mercado do sexo, acentuando as possibilidades de episódios de violência e exploração econômica. Em decorrência do contexto atual, marcado pelas consequências sociais da pandemia (novo coronavírus) e pela vigência de um governo autoritário e negacionista, o artigo busca fazer um paralelo entre os levantamentos empíricos do estudo analisado e a acentuação das desigualdades e da violência no Brasil contemporâneo, especialmente contra os grupos chamados de minorias.