Título:
Toxoplasmose: os riscos adicionais da infecção durante a pandemia de Covid-19
DOI:
10.53268/BKF22050103
Toxoplasmose é uma antropozoonose causada pelo protozoário Toxoplasma gondii, tem por hospedeiros definitivos membros da família Felidae. Também infecta diversos outros animais de sangue quente, correspondendo aos seus hospedeiros intermediários. A enfermidade apresenta caráter cosmopolita, em grande parte devido a capacidade de disseminação e baixa especificidade parasitária. Estudos epidemiológicos estimam que até 90% da população humana já teve seu sistema imunológico desafiado pelo parasito. Após a infecção o parasito pode se instalar nos tecidos e permanecer latente por toda a vida do hospedeiro, podendo ser reativado quando o sistema imunológico apresentar algum comprometimento. Entre os pacientes diagnosticados com Coronavírus-19, é observada uma alta resposta imunológica de linfócitos T, porém essa mesma resposta reflete uma acentuada linfopenia, com elevação da produção de moléculas regulatórias PD-1 que atuam na apoptose dessas células, evento conhecido como “exaustão dos linfócitos”. Em paralelo, a infecção crônica de T. gondii também possui a particularidade de estimular a expressão de PD-1 e com a exaustão dessas células imunes é possível a reativação da Toxoplasmose. O diagnóstico é feito, primordialmente, com a pesquisa de anticorpos IgM e IgG, que indicam infecção aguda e contato ou infecção crônica, respectivamente. Diante do exposto, é notória a necessidade de investigações sorológicas para busca de infecções ativas por T. gondii na população em geral, visto que, embora as campanhas de vacinação contra o Coronavírus-19 avancem ao redor do planeta, seus efeitos deletérios à saúde humana ainda não são totalmente compreendidos e, infecções mistas com o protozoário não devem ser descartadas ou negligenciadas.